quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Pão com manteiga, queijo e presunto

   E lá estava ele mais um dia, mais uma vez, mais um domingo comendo seu de sempre pão com manteiga, queijo e presunto no seu café da manhã, posteriormente no seu almoço e em seguida no seu jantar. Ele não ligava para comida, sabia que um pão com manteiga, queijo e presunto era mais que fundamental para sua sobrevivência, no demais, sua geladeira, armário, cômodos eram preenchidos com bebidas alcoólicas. Tinha lá entre seus belos e bem vividos 23 anos. Já era noite quando decidiu-se de vez sair de seu apartamento.
   Ao sair notou que a chuva estava pesada, porém, não mais pesada que sua embriaguez. Deixou seu carro na garagem como estava e foi direto ao bar universitário de sua tal "amada", ele não gostava de universidades quanto muito menos de universitários, não frequentava nenhuma faculdade, só trabalhava no seu emprego de vendas de "antiguidades raras" em sua própria casa pela internet, ganhava em torno de uns dois mil e muito bem ganhos reais. Ao chegar no bar, notou que sua garota estava rodeadas de belos e bem arrumados rapazes e de moças jovens com rostos e corpos simplesmente esbeltos de beleza e ternura.
   Sem mais nem menos, encharcado pela chuva, zonzo pela bebedeira e furioso pelo sofrimento da vida, foi parcialmente direto a mesa de Clarice sua amada e disse em uma tonalidade completamente embriagada:
   - Sua vadia ! Você jamais encontrará um homem como eu !
   Ela olhou espantosamente para ele, pasma e séria sem entender oquê estava se passando na cabeça dele, quando simplesmente ela toma um atitude.
   - Hahahahaha caí fora seu bêbado doente ! - diz ela.
   Seus amigos e amigas entram nas gargalhadas, todo também embriagados, porém, disfarçadamente.
   Ele vira as costas e saí cambaleando para a bancada do bar, apesar de sua completa embriaguez ele consegue ouvir os murmúrios ás suas costas.
   -Ahhhhh, ele é um bêbado que vive me enchendo o saco. -ouve sua namorada dizendo as risadas.
   Quando finalmente chega no balcão, apesar de não conseguir  focar ao certo nenhuma das bebidas pela sua devida embriaguez, ele pede ao barman uma garrafa inteira do que seja que fosse da mais cara que fosse. Ao pagar exatos R$ 980,00 direto do seu cartão, ele decide ir embora.
   Ao quase chegar em seu apartamento, passando pela casa de seu velho e conhecido vizinnho, ele se defronta com alguns insultos.
   - Onde já se viu ?! Um rapaz tão belo e inteligente como você andando por aí a pé pelas ruas completamente bêbado ?! Tome juízo na vida rapaz ! - diz o velho vizinho
   - Escuta aqui seu velho filho da puta, oquê você sabe da vida ? Oquê você acha que é a vida ? Acha que a vida é ficar nessa merda dessa janela tomando criticas sobre a vida dos outros ? Acha que a vida é trabalhar feito um escravo assim como você trabalhou de pedreiro e ter essa bosta dessa casa que você tem graças a morte de sua esposa que lhe deixou de herança ?? Escute mais uma coisa se velho de merda ! Achas que tem o direito de me criticar ? E esse seu verme de  filho que é tão fodido intelectualmente quanto um soldado nazista de Hitler ! Mas ahh!!! pela sua capacidade mental, o senhor não deve fazer a menor idéia de quem seja Hitler não é mesmo seu velho fodido ? - porém, ao invés de pensar tudo isso, ele simplesmete optou em responder:
   - Com  certeza.
   Chegando ao seu apartamento, deparou-se com o porteiro que ao deixa-lo entrar, disse-lhe ainda completamente bêbado.
   - Tome isso João, você merece rapaz, você zela pela minha segurança. Seu filho duma puta ! - Ao dar sua garrafa recém bebida de novecentos e oitenta reais. Apesar de escutar alguns grunhidos de João, ele já não conseguia entender uma palavra do que João dizia, assim como não conseguia entender nem se quer oque a sobriedade lhe dizia.
   Vomitou pela sua casa inteira e adormeceu.
   Ao acordar com uma ressaca imaginável, ele não se lembrava exatamente de nada do que aconteceu na noite anterior, e ao olhar as horas em seu celular, percebe que tinha uma mensagem de sua tal amada: "Esqueça de mim depois de tudo isso que você causou ontem! Idiota !". Apesar de não se lembrar do que fez ou do que disse para a sua amada do sexo, ele sentia-se melhor em estar livre dela, afinal, ele sempre achou que ela nada mais era do que beleza. Já estava farto dela.
   Decidiu dar uma caminhada para aliviar sua ressaca, e quando estava prestes a sair de seu condomínio, seu porteiro João interferiu-o.
   - Senhor, desculpe o incômodo mas o senhor esqueceu uma garrafa comigo. - Esticando a mão com uma exótica garrafa de vódka.
   Ele pegou a garrafa ainda semi-cheia, examinou-a e disse.
   - Putz, essa vodka é realmente uma das boas e raras, não deve custar menos de R$300,00, porém, pode ficar com você João, hoje minha ressaca é das fortes e não pretendo ver álcool não tão cedo na minha frente. - Notou os olhos do porteiro se encherem de lágrimas de alegria ao perceber que a garrafa tão rara e cara foi concebida á ele.
   Quando passou à frente da casa de seu vizinho, notou que ele lhe deu um certo desdém. Ficou feliz com isso, afinal de contas, jamais achou seu vizinho uma pessoa agradável.
   Ele não sabia porquê, mas apesar da ressaca, a conspiração do bem estar estava girando ao seu redor. Sentia-se feliz.
   Exceto pelos seus R$980,00 que ele não se lembrava de como gastou em seu cartão após uma ligação do banco para aviso.

2 comentários:

  1. hahahaha mas é de uma delicadeza masculina!!!

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  2. kkkk, ele é um cara bem estranho mesmo, mas até que costuma ser bem romântico com as mulheres

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