sábado, 7 de janeiro de 2012

Dias estranhos de um qualquer

   Estava á umas 45 horas sem dormir em um dia de sábado, sem compromissos, aliás, com alguns até, mas ele não estava "afim" de curtir. Um sábado de um vagabundo.
   Olhou no seu celular, ela não ligou...Ás 23:00h da noite estava entediado, não queria ficar em casa e decidiu sair para apenas: Ir na rodoviária ( único local da cidade com um bar aberto, cerca de apenas 15 mil habitantes ) comprar dois vinhos fortes ( baratos ), acender um baseado, beber 1 vinho e meio e voltar para sua casa afim de amenizar suas dores amorosas. Tudo isso em cerca de meia hora mais ou menos. Mas não...O mundo conspirava para ele sempre encontrar com pessoas e ocorrer loucuras que o cotidiano-social  não entendia.
   Ao caminho da rodoviária encontrou com seus conhecidos bebendo e cheirando disfarçadamente em um bar&petiscaria ( barzinhos caros ) e o cumprimentando ansiosamente, queriam pirar...Ele na verdade não sabia oque queria ao certo. Olhou no seu celular, nenhuma mensagem, nenhuma ligação.
   - Cara ! me empresta 5 reais... Sê bebe cerveja aqui com a gente de boa e eu vou pegar um pó. - disse um deles.
   -Ok. - respondeu. Não era de total agrado as sensações que ele tinha com a química. Mas ele estava desligado com o bem estar.
   Encontrou um amigo, eram um dos gente-finas, os vagabundos, os caras legais. Ele considerava como amigo. Foram fumar um baseado e trocar histórias do passado de infância...das atualidades das histórias loucas que passaram. Uma conversa descontraída com pessoas simples e despreocupadas com oque estava acontecendo por aí no mundo .Nada melhor ter umas conversas dessas com os amigos.
   Quando estava saindo, ele já pretendia ir embora...apenas comprar o vinho e ir embora. Chegam seus conhecidos.
   -Velho, vamos pirar em uma festa. Vai ser legal. - disse o barriga.
   -Ok.
   Não sabia porquê, mas ele não fazia nada demais para pessoas o cumprimentarem com tanta convicção e começar com uma conversa aqui outra ali, mas não sabia porquê...ele não se identificava com eles.
   Ao caminho dessa festa, eles se deparam com um rato no meio da calçada, o rato estava na dele. Um incrível e descontraído rato. Barriga simplesmente o chutou com toda sua força, o rato voou quase meia rua inteira e aterrissou no chão com uma pancada de cabeça. Barriga apenas riu e disse:
   - HAHAHA! Você viu ?- Não respondeu. Aí percebia porquê ele não se identificava com eles.
   Chegaram a festa. Ele não era lá essas coisas vivido na vida. Mas sabia bastante coisas sobre como o mundo, o governo, os jovens e os adultos e o modo que eles já se comportavam, e sabia também que quase ninguém daquela casa tinha um intelecto bom a ponto de desenrolar uma boa ideia ou descontrações legais.
   Meninas se pegando, caras bêbados querendo alguma sacanagem com as meninas, e elas lá. "A Deus dará".
   Todos queriam apenas pirar....inclusive ele. Piraram. Olhou no celular, nenhuma ligação ou mensagem ainda.
   Nenhuma mulher dali o interessava, aquela mesma história que ele não se identificava. - Porquê você está usando essa jaqueta de soldado ?? - perguntou uma das meninas.
   - Porquê você está usando esse vestido preto com bolinhas brancas ??? - retrucou ele.
   - Porquê eu queria sair assim hoje.
   - Eu também queria sair assim hoje.
   - Grosso.
   Mulheres...vai entender as mulheres.
   Fumaram mais umas ervas e decidiram ir embora. Até então ele já estava em outra dimensão. Já não correspondia aos seus bons pensamentos... No momento, ele era um qualquer estranho igual á todos daquela casa.
   Finalmente ficou sozinho ao ir embora. Ao som de Nothing Terrible New - The Hellacopters. A música fazia sentido com tudo que estava acontecendo naquele momento com ele. Novamente tudo fazia sentido, ele voltou a ser um crítico novamente. Avistou o pobre rato que havia sido chutado no meio da rua, esmagado por carros, triste, indignado por sua morte. Ele conseguia ver tudo isso no olhar frio e vidrado do rato. Ele tinha certeza que o mundo era completamente injusto com a maioria do seres vivos que existiam. Inclusive com ele.
   Refletiu sobre existencialismo, filosofias, sobre o estado, sobre a verdade que não existia. E principalmente, sobre sua noite de hoje. Uma merda de uma noite.
   Olhou no celular, nada, absolutamente nada. "Foda-se" pensou ele. O amanhã a ele não pertencia, já sabia disso. Afinal, ainda não estava de bem consigo mesmo.
   Chegou em sua casa, comeu e escreveu um texto.

Um comentário:

  1. essa coisa do cotidiano bem escrito me interessa mto, acho que é o tipo de escrita que mais me agrada, é real.

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