segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Rake, O Infeliz

   E lá estava ele mais uma noite ( assim como todas ) escrevendo suas ótimas, românticas e sinceras cartas de amor para sua única e absoluta razão de viver, Flea. Rake era um jovem assim como qualquer outro, morava em Cleveland, classe social baixa, trabalhava como um cão por um mísero dinheiro, escritor fracassado nas horas vagas. Sua única razão de viver era Flea, uma jovem enfermeira do hospital de St. James na cidade de Minneapolis onde se conheceram uma certa vez em Cleveland, Flea estava de passagem com alguns médicos e enfermeiros tratando de uma epidemia gripal ( Rake estava incluído nessa epidemia ). Desde então, se amaram pessoalmente por cerca de uns dez dias até que Flea teve que partir para sua cidade, porém, ambos trocavam cartas de juras e promessas amorosas todos os dias.
   Flea não tinha tempo algum para poder visitar Rake, as doenças na época de 1532 eram epidêmicas em praticamente toda região, assim como Flea também não tinha dinheiro o suficiente para poder ver Rake, assim como não era diferente para ele, porém, em suas promessas, ele dizia que estava juntando todo seu capital financeiro para poder fazer uma viagem até Minneapolis.
   Foram preciso 4 meses de trabalho duro para Rake conseguir o dinheiro para a tão desejada viagem. Os dois continuavam em fervorosa paixão com cartas cada vez mais apaixonantes. Foram 4 dias de viagem à cavalo de Cleveland a Minneapolis. Foram incontáveis sensações de ansiosidade e sentimentos do mais puro amor que se possa imaginar.
   Chegando lá, Rake recorreu direto ao hospital St. James, não sabia oque estava sentindo, uma mistura de nervosismo com paixão com fobismo... perguntou direto a primeira enfermeira que encontrou no hospital.
   - Eu vim ver Flea ! 
   A fisionomia da enfermeira era de que ela sabia que ele era Rake. Ela abaixou a cabeça, não o olhou nos olhos dele e disse em baixo tom.
   - Segundo andar, quarto número 9.
   Rake foi andando em passos largos e rápidos, subiu ligeiramente a escada, sentia que seu peito iria estourar, algo estava prestes a sair dali, um certo cala frio. Ao abrir a porta do quarto número 9, lá estava Flea, deitada sob uma cama branca, com sua linda pele branca, cabelos negros, lisos e escorridos, de olhos fechados. Flea estava morta.
   Nem sequer um ferimento, nem sequer um hematoma. Flea estava morta.
   Ele colocou sua mão sobre a mão dela. Não conseguiu pensar em nada, não sentia nada, não escorreu sequer uma lágrima de seus olhos.
   Rake viveu por mais quarenta anos, ganhava um bom dinheiro com seus tristes e melancólicos poemas, gastava até o seu útimo centavo com bares e putas.
   Rake era infeliz, Rake viveu infeliz, Rake morreu de infelicidade.

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